Sófocles escreveu em 400 e alguma coisa a.c., vulgo antes de cristo, uma trama que iria permear pelo mundo afora, sendo inclusive tema para estudos, como fez Freud: A história de Édipo Rei.
Édipo é o rei de Tebas num momento em que a cidade passa por uma espécie de purificação, e os eventos que sucedem a descoberta do motivo pelo qual a cidade vem sofrendo esta "punição" é a própria história de seu Rei. Édipo, o verdadeiro "mother fucker" ( roubei esta definição de uma aula), passa por descobertas que levam a revelação de sua verdadeira identidade. Filho e marido, pai e irmão. E de Édipo, surgiu o complexo de Édipo, essa "necessidade de vínculo materno", que transforma algumas relações em tensão e adrenalina pura.
O que importa pra mim nesse momento é a questão que leva Édipo a cometer tal ato contra a natureza, se é que assim pode-se chamar. Durante um tempo, considerou-se a tragédia de Édipo como uma tragédia do destino, já que ele não tem culpa direta sobre os fatos que ocorrem a ele. Posteriormente, tratou-se de chamar de tragédia da ação, já que Édipo age de fato, o que culmina em sua desgraça final.
Vamos então as vias de fato: Édipo, querendo ou não, é vítima de um destino trágico perpetuado por ele mesmo, já que, é ele quem mata o próprio pai, casa-se com a própria mãe e torna-se então, irmão de seus filhos.
O que ocorre a ele é algo mais comum do que se acredita. Édipo é vítima do que acham que irá acontecer a ele. Seus pais se desfazem dele ainda bebê, acreditando em uma profecia. Quando adulto, ele foge da família (que ele desconhece ser adotiva) após saber que uma profecia determina o destino trágico que ele tanto tenta escapar, mas acaba o alcançando.
Não irei tão a fundo nas questões edipianas, mas me pus a pensar que a vida tem sido essa. Projetam um futuro para nós, determinando o que temos ou não que fazer, e passamos a agir de modo a concretizar ou fugir do destino trágico.
Devemos nos dedicar ao futuro e aos estudos, afinal, sem isso "não seremos ninguém na vida". E nessa tentativa desesperada, muitas vezes se tropeça nos próprios pés, e não se consegue escapar à tragédia do destino, a qual se chega através de nossas próprias ações.
Vivemos o Complexo da Culpa, tentando se livrar desse destino trágico e sombrio, agindo desenfreadamente, e muitas vezes sem poder discernir se é esse o caminho a ser tomado.
Os gregos não acreditavam na decisão como livre arbítrio. A decisão é uma necessidade diante de um fato. E é daí que surge esse Complexo de Culpa, já que a decisão é algo necessário, ela não parte do livre arbítrio.
Os gregos falavam em três palavras muito interessantes: Hékon (a decisão que se toma prazerosamente, querendo tomar), Proaíesis (responsabilidade) e Harmatia ( o ato cometido sem ideia de que resultará em um erro).
Em um mundo cheio de "Proaíesis", devemos evitar as "Harmatias" e agir de fato com "Hékon", para dar fim a esse Complexo de Culpa, essa inquietude que nada mais é do que uma consciência inconsciente de que deveríamos estar agindo com livre arbítrio, ao invés de seguir o fluxo..
P.S. Não entendo profundamente do Complexo de Édipo, de Freud e nem de tragédia grega. Esse texto é uma analogia, a esse mundo tão louco que só faz cobrar ações do outro. E sim, acredito que os estudos são a melhor maneira de se alcançar os objetivos. Mas, o estudo e dedicação ao que é de fato o seu "Hékon".
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